quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O Grito

Esse espaço nasceu para falarmos sobre o festival Visões Urbanas e consideramos que falar da cidade de São Paulo é falar sobre o festival, afinal as criações que são realizadas pelos artistas que se apresentam anualmente no Visões Urbanas têm nas ruas das cidades inspiração e suporte para seus movimentos.
Infelizmente, as últimas notas têm sido uma mistura de denuncia e desabafo sobre o descaso a que a cidade de São Paulo está submetida, fato esse que influencia diretamente a realização de ações artísticas.
Mas, mais que o descaso das autoridades o que mais surpreende é a indiferença da população que sofre na pele os efeitos de uma cidade caótica como a nossa. Será que as pessoas perderam a capacidade de ouvir, cheirar e olhar? Sim, porque parados a espera de que um farol abra, você está sujeito ao escapamento de caminhões lançados diretamente em seus olhos e nariz, além de seus ouvidos serem atingidos pelo barulho ensurdecedor dos motores. Mas não vejo ninguém reclamar ou fazer sequer menção de tapar o nariz, uma vez que nossas vidas têm sido abreviadas em mais de 5 anos por conta da poluição. Ninguém se move, ou sequer manifesta um incomodo. É impressionante!
Essa pasmaceira leva portanto ao acomodamento à uma situação em que o descaso da prefeitura pode correr solto. Violência não é só o roubo. Ela se manifesta de várias formas e a agressão se dá na maneira sem educação que motoristas se comportam no trânsito, ao ruído absurdo dos caminhões e ônibus (destaque para os odiosos carros fortes em que os motoristas param em qualquer lugar da cidade para fazer a "siesta" e deixam os motores ligados - viva o dinheiro!!) e lógico pelas motos que fazem o que querem.
Então eu grito - isso mesmo - grite cada vez que alguém não respeitar a faixa de pedestres. Cada vez que alguém passar com o farol vermelho. A cada baforada de fumaça que você receber, a cada carro forte que emporcalha a cidade. Gritem para ver se as pessoas acordam e comecem exigir seus direitos : ao sono (a prefeitura autorizou Sabesp, Congás e Telefônica a furar a cidade na hora em que bem entender), ao ar e às ruas - poder andar pelas calçadas sem ser atropelado por motos (e agora bicicletas de entrega andam pelas calçadas na maior velocidade). Faça cena, como dizem. Quebre a modorra em que estamos vivendo.
Ah- mas você vai dizer que gritar é fazer barulho, não vai? Considere isso como um recurso para unir forças e mostrar com ações in loco o que está acontecendo nessa cidade para dar coragem a mais e mais pessoas se manifestarem. Pode ser algo como: Olha o Farol! Em alto e bom som para o motorista ouvir. E se vários gritarem ao mesmo tempo o motorista vai lembrar disso. Olha a faixa de pedestres! Olha a fumaça! Socorro estou sufocando! Não buzine!!! E por ai vai.
Com os votos de bom grito
Mirtes

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Barbárie

Estamos sempre a procura de lugares em São Paulo que possam receber o Festival Visões Urbanas, além do já consagrado Pateo do Collegio. Às vezes encontramos locais que também poderiam receber os artistas, mas o descaso, sujeira, barulho e exigências cada vez maiores por parte da prefeitura para realizarmos um apresentação artistica, nos faz pensar se ao invés de realizarmos um festival cultural não deveriamos realizar uma partida de futebol. Sim, porque torcida organizada nas ruas em dias de jogo já existe. Os botecos da cidade colocam nas calçadas tv´s e logo as mesas se espalham deixando pouco ou quase nada de espaço para quem quer passar e lá em altissimo e bom som, gostando ou não, querendo ou não, vc pode se sentir em plena arquibancada de uma partida dos times mais acirrados. Palavrões, gritos de guerra e baixarias de toda a espécie acontecem sem que nada nem ninguém faça valer o bom senso, afinal, quem foi que disse que tvs podem ser colocadas nas calçadas para transmitir jogos até meia noite? e a sujeira? As calçadas que pertencem a esses locais são imundas, manchadas de gordura e os canteiros, se é que existem, pois eles vão logo pedindo para podar árvores com a desculpa que tá caindo, são depositos de bitucas de cigarro e restos de comida.
Se vc pensa que isso acontece na periferia está redondamente enganado: Higienópolis tá bom pra vc? è um bairro considerado bom o suficiente para vc pagar altissimos impostos? Então. Nesse, nas ruas Veiga Filho com São Vicente da Paula, tem um perfeito exemplo dessas pocilgas que só prestam pra juntar pessoas que só sabem se comunicar aos berros e com palavrões.
É mais uma das perguntas que faço: que lei é essa que é complacente com a bebida, como o futebol , com businas, poluição extrema e que não presta a minima atenção aos acontecimentos artisticos que tanto poderiam contribuir para aliviar a violência, dureza e falta de cultura dessa cidade?
Mirtes

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Má Educação

Mais um mês de agosto e temos que testemunhar a lamentavel orgia a céu aberto que os alunos do Mackenzie promovem nas ruas do bairro Santa Cecília e Higienópolis. Refiro-me ao trote que tanto vêm causando danos morais e fisicos àqueles que à ele se submetem e que são olhados com tanta complacência por parte dos diretores das universidades, professores, pais e sociedade em geral, inclusive a policia. Aposto que se os atores dessa barbárie fossem negros e pobres já teriam sido fortemente repridos.
O meio urbano, um dos motes desse blog, quando ocupado por artistas sofre sérias restrições. A prefeitura nos impõe centenas de documentos e fiscalizações e a população muitas vezes não oferece nem um segundo de sua atenção, nem moedas (é óbvio que os artistas não querem esmolas e sim uma política pública que considere e apoie a arte urbana), como o fazem aos os estudantes que usam para beberem até cair pelas calçadas.
Até quando?
Hoje, dia 4 de agosto de 2010 as ruas do bairro estão sujas pela tinta que são jogadas no corpo dos pupilos da faculdade e de garrafas de vidro jogadas pelo chão. Uma triste imagem do que vem pelo futuro: pessoas que se submetem e gostam de serem torturadas. Sim, pois isso é humilhante: ficar rasgado e bêbado pelas ruas.
Pergunto: por que essa prática selvagem é permitida pela faculdade, autoridades e a sociedade não a rejeira veementemente? Afinal, trata-se de violência pura e simples: violência contra o corpo, contra quem passa e contra o meio ambiente. QUANTOS MAIS VÃO MORRER ATÉ QUE ISSO SEJA CONSIDERADO CRIME?
Porque eles são estudantes? De quê? E para quê?
Essa semana li que os médicos querem ganhar R$ 15 mil por mês. Ótimo. Eu também quero! Todos querem. Mas hoje, para mim é mais importante o lixeiro- esse sim- se não trabalhar....sabemos que a cidade ficará soterrada no lixo não só pela falta de educação do povo, como pelo consumo desenfreado.
A cidade passa a mão na cabeça de estudantes equivocados e não obriga a dita faculdade, que aliás ocupa e muito o bairro, a cumprir suas obrigações e uma delas - a de ensinar civilidade a seus aluninhos.
mirtes